quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Recomendamos...

http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-lcosta/crase-295941-1.asp

Acessando este link, é possível ouvir um arquivo com dicas sobre o uso da crase! ;)

Disponível em Revista Língua, versão on-line. http://www.http://revistalingua.uol.com.br/. Acessado em 29/01/2014

Produção de texto

A ambiguidade é inimiga da clareza

Ambiguidade é a duplicidade de sentido. Ela pode se constituir num bom recurso expressivo, mas deve ser evitada quando compromete a clareza do texto. São ambíguos enunciados do tipo:
      
- “Vivemos numa sociedade cuja aparência é mais importante do que a essência.” (o uso de “cujo” no lugar de “em que” dá a entender que a aparência da sociedade é mais importante do que sua essência, e não que na sociedade atual a aparência importa mais do que a essência);  
     
- "A maioria das redes e blogs dá apenas uma visão parcial do indivíduo que publica." (não está claro se quem publica é o indivíduo ou a maioria das redes);
     
- “Um grupo de assaltantes rendeu levou o carro de uma família.” (parece que o grupo rendeu o carro antes de levá-lo!!).

Um dos fatores que levam à ambiguidade é a má ordenação das palavras. Quando o período não está na ordem direta, pode haver margem para mais de uma interpretação. Por exemplo: “Encontrou o diretor o secretário na sala de reuniões”. Não se sabe quem encontrou quem.  Na ordem direta, em que o sujeito aparece antes do complemento, desfaz-se o equívoco: “O diretor encontrou o secretário na reunião.” Outra forma de distinguir sujeito e objeto é antepor uma preposição a este último: “Encontrou o diretor ao secretário na sala de reuniões”. 

Deslocar o atributo oracional para longe do termo que ele modifica pode tornar ambígua a frase: “Refiro-me a um conflito no meu namoro, que ocorreu há oito anos”. O que aconteceu há oito anos – o conflito ou o namoro? Como a referência temporal diz respeito ao conflito, o melhor para a clareza é deslocar a oração adjetiva: “Refiro-me a um conflito que ocorreu há oito anos no meu namoro”.

A separação entre componentes de uma mesma função sintática também pode gerar ambiguidade. Exemplo: “As pessoas que gostam de saber das novidades procuram a internete até mesmo as grandes empresas, para vender seus produtos.” O aluno dá a entender que apenas “pessoas” é sujeito do verbo procurar, e que “internet” e “grandes empresas” são objetos diretos. A frase fica sem sentido, pois o propósito do autor era afirmar que tanto as pessoas quanto as empresas procuram a rede. Ele traduziria claramente essa ideia se tivesse mantido coordenados os sujeitos: “As pessoas que gostam de saber das novidades eaté mesmo as grandes empresas procuram a internet para vender seus produtos.”

No plano semântico, é comum haver ambiguidade devido à polissemia. A diversidade de sentidos de uma mesma palavra pode levar a que se diga o que não se queria dizer. Em redação sobre a atual crise da Igreja, outro aluno escreveu: “Hoje, por força das circunstâncias, a Igreja admite a pedofilia em alguns de seus membros”.
      
Entre os significados de “admitir”, está o de “reconhecer” (“Ele admite seu erro”); o redator quis dizer que a Igreja, forçada pelas circunstâncias, reconhece que há pedófilos entre seus membros. Não lhe ocorreu que esse verbo tem também o sentido de “aceitar”, “permitir”, o que poderia levar a um julgamento negativo da instituição religiosa.


Chico Viana é professor de português e redação. www.chicoviana.com

Fonte: http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-ponta/a-ambiguidade-e-inimiga-da-clareza-304504-1.asp  Acessado em 29/01/2014

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Produção de texto



Escrever certo, escrever bem
Partir de um texto como referência e criar variadas versões dele é uma das maneiras mais eficientes de aprender a escrever bem (e certo).
Sírio Possenti

Deveria ser evidente que um dos papéis da escola é propiciar condições para que os alunos venham a escrever certo e bem (tudo o que se diz sobre "não corrigir mais" é erro ou falta de leitura). Tal objetivo só se alcança com muita prática (muita gente gostaria de chegar lá sem esforço, aplicando receitas do tipo "seja claro", "escreva frases curtas", "evite chavões"...).

Não deveria haver muitas dúvidas sobre o que é escrever certo. Uma orientação pode ser "evite extremos": nem muito popular, nem muito arcaico. À luz dos fatos, não se deveria mais condenar certas regências (assistir
 o programa, preferir ler do que comer), embora se possa chamar a atenção sobre elas e explicar a mudança (ou a variação).

Já escrever "bem" é um conceito um pouco relativo. Sempre se escreve um gênero que está em um campo. Não é a mesma coisa escrever um texto científico e uma narrativa policial, um diálogo entre profissionais com curso superior e outro de personagens da madrugada ou da periferia (vide João Antônio ou Rubem Fonseca).

O que considero mais importante é o processo de escrita, o trabalho de reescrita. Já defendi muitas vezes que a questão pode ser resumida a dois passos:

a) obter um texto, de preferência com alguma preparação (ler, ouvir contar, juntar dados etc.);

b) colocar esse texto num quadro (negro, branco, verde) e reescrever seguidamente, considerando as opiniões dos alunos, para obter diversas versões. Depois, cada um escolhe a sua.

Ler e compreender
Uma informação, ou duas: os alunos têm sugestões incríveis, inesperadas, e, além disso, gostam desse tipo de trabalho. Os depoimentos dos professores que dão aulas assim são unânimes.

Vou dar um exemplo. O "dado" que vou analisar foi publicado em um jornal, há mais de dez anos, como evidência de que a escola estava mal. Especialistas disseram, inclusive, que era impossível ler o texto. Está claro que não eram especialistas em nada...

"A violencia começo assim um impresto a borracha para o outro colega ai, u outro perde o a borracha ai o outro falo: daí minha borracha que eu vou usar agora o meu eu perdi o outro falou: se vai da outra. Eu não vou dar não então eu ti pego na hora da saida. aí começo. Ai porrada de lá porrada de cá e assim vai. Aí ou tro tiro arma do bolso e atiro: pro que isso pessoal por causa de uma borracha seis vão brigar."

Erros
A primeira coisa a fazer é ler o texto adequadamente. O que significa "pontuar" (a violência começou assim.). E, por exemplo, pronunciar "emprestou" (ou "imprestô") mas não "imprésto", "começou" (ou "começo"), e não "coméço", "aí" e não "ai", "dá aí" e dão "daí" etc. Se os alunos não sabem escrever, um professor tem que saber ler...

É essencial compreender a natureza dos erros. Alguns podem ser claramente associados à pronúncia corrente (ou dos alunos): impresto, atiro, começo, tiro (emprestou, atirou, etc.). Uma compreensão mínima do texto deixa claro que são formas do passado (imprestô, atirô, começô, tirô) que perderam a semivogal do ditongo final.

O caso que merece, aliás, uma observação: em vez de simplesmente julgar essas formas como desvios, é bom dar-se conta de que são regulares: há sempre queda da semivogal; a vogal permanece; ou seja, não se erra de qualquer jeito, mas segundo uma regra. Além disso, trata-se de pronúncias típicas também de pessoas cultas (basta ver debates na TV). Semelhante a esses erros é o caso de "quere" (querer): a queda do
 -r final em infinitivos é geral, não só um fenômeno popular.

Há outros erros que são devidos a uma "transcrição" da pronúncia, especialmente
 se e seis. São variantes populares de você e vocês. Poderiam ter sido escritas ce e ceis, ou até mesmo e cês (ou cêis).

Correção
Há erros que decorrem evidentemente de tentativas de acertar. Grafar "outro" como se fossem duas palavras (ou tro) é um caso que chama a atenção. O fato de "ou" ser uma palavra (em outros contextos) pode ter influenciado a decisão do aluno. Bastante sugestivo é também outro erro: "perde o" por perdeu, em que se conjugam dois fenômenos:

a) assim como é comum a mudança de
 o para u, ocorre frequentemente a mudança inversa, upara o (é um caso de hipercorreção);

b) além disso, a forma é tratada como se fosse um verbo seguido de um pronome; é claro que se trata de uma tentativa de escrever corretamente, como se fosse uma forma análoga a "perde-o", "visita-o" etc. Duas coisas são bem claras nesse caso: uma, que é um erro (há até mais de um...); outra, que certamente não se trata de "deficiência" - a não ser de prática, de familiaridade com a escrita.

Casos como "saida", "ai", "sima" e "da" são erros que podem ser classificados como escolha da opção errada entre as possibilidades "legais": troca de
 c por s e falta de acentuação.

A segunda etapa do trabalho é corrigir esses erros, escrever certo. Claro, coloquem-se as maiúsculas, quando for o caso, sem recitar listas de regras. O segredo é praticar!

O resultado pode ser (entre outros):

"A violência começou assim: um emprestou a borracha para o outro colega. Aí o outro perdeu a borracha. Aí outro falou: - Dá aí minha borracha, que eu vou usar agora. - Ô meu, eu perdi. O outro falou: - Você vai dar outra. - Eu não vou dar não. - Então eu te pego na hora da saída. Aí começou. Aí, porrada de lá, porrada de cá, e assim vai. Aí o outro tirou a arma do bolso e atirou. - Por que isso, pessoal? Por causa de uma borracha vocês vão brigar."

Fazendo isso numa aula, diversas questões de gramática podem ser explicitadas. É um equívoco achar que não se pode tratar de todas ao mesmo tempo. Afinal, aprendemos a falar ouvindo falas completamente misturadas.

Escrever bem
Outro passo é melhorar o texto, na direção de escrever "bem". Pode-se reescrevê-lo seguindo certas normas de transcrição de diálogos (travessões etc.), incluindo-se as intervenções do narrador, que organizam a avaliam os fatos. E deixar os passos claros, na prática. Por exemplo:

"A violência começou por causa de uma bobagem. Um menino emprestou a borracha para outro colega, que a perdeu. Num certo momento, o dono da borracha falou:

- Dá aí minha borracha, que eu vou usar agora.

- Ô meu, eu perdi, respondeu o outro.

E a conversa foi ficando mais tensa.

- Você vai ter que me dar outra.

- Eu não vou dar não.

- Se não me der outra, eu te pego na saída.

E então começou a briga. Houve troca de socos e pontapés. Até que um deles tirou uma arma do bolso e atirou. Foi quando interveio uma menina dizendo: 

- Por que isso, pessoal? Vocês vão brigar desse jeito por causa de uma borracha?"

"Certinho"

Muitas vezes, a escola se dá por satisfeita quando obtém textos como este, que é apenas "certinho". É claro que este deve ser um dos objetivos. Mas, convenhamos, a briga, com trocas de agressões rápidas, ficou sem graça. Parece um jogo de xadrez (mostrei este trabalho, em certa ocasião, e uma professora fez exatamente este comentário: não parece mais uma briga, um bate-boca).

Acertar menos
Compare-se esta escrita com a seguinte. Observe-se especialmente a pontuação e a distribuição gráfica das falas:

"Diga, o que eles querem? Sei lá, eu disse, eu sei, ele falou, eles querem homens como você. Eu tenho acompanhado seu trabalho, meus homens falam muito de você. Fui eu que pedi ao Dr. Carvalho nos apresentar. As pessoas aqui do bairro te adoram e você sabe disso. Os comerciantes te respeitam. A polícia te respeita. As donas de casa te respeitam. E o que você faz, Máiquel? Eu matava pessoas, mas isso eu não disse, fiquei esperando ele responder. Filantropia para a polícia, é isso que você faz. Filantropia, eu repeti, é filantropia, ele disse, só que nesse país não se deve fazer filantropia, cobre sempre, cobre tudo, eu cobro, eu disse, cobra pouco, ele disse, cobra muito pouco, ninguém quer sujar as mãos, ele disse, há um bom mercado, ele disse, um mercado muito bom mesmo, pode-se ganhar muito dinheiro." (Patrícia Melo, O Matador) 

O trecho é de um romance. Seria ridículo querer "corrigir" (embora seja bom comentar as opções do texto, para mostrar seu efeito): a conversa perderia totalmente seu ritmo, aspecto que tem tudo a ver com escrever bem.

Às vezes, para conseguir esse bom efeito, é preciso errar um pouco. Ou acertar menos.


Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br/textos/82/escrever-certo-escrever-bem-264520-1.asp. Acessado em 19 de fevereiro de 2013.


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Usaremos a crase?





Vou à ou a terra?
O certo é: “Vou a terra.” A palavra TERRA, no sentido de “terra firme, chão” (= oposto de bordo), não recebe artigo definido, logo não haverá crase.
Observe o macete: “volto DE terra”.
Ao viajar de avião, podemos observar a ausência do artigo definido antes da palavra TERRA (=terra firme). Quando o avião está aterrissando, uma das comissárias de bordo vai ao microfone e diz: “Para voos de conexão e mais informações, procure o nosso pessoal em terra.” Por que não na terra? Porque é em terra firme, e não no planeta Terra. Em outras palavras, o que ela quer dizer é o seguinte: “Não me chateie a bordo do avião, vá ao balcão da companhia no aeroporto.”
Qualquer outra TERRA, inclusive o planeta Terra, recebe o artigo definido. Portanto, haverá crase:
“Vou à terra dos meus avós.” (=volto DA terra dos meus avós)
“Cheguei à terra natal.” (=volto DA terra natal)
“Ele se referiu à Terra.” (=volto DA Terra / do planeta Terra)
Observe a diferença:
“Depois de tantos dias no mar, chegamos a terra.” (=terra firme)
“Depois de tantos dias no mar, chegamos à terra procurada.”

Vou à ou a casa?
O certo é: “Vou a casa.” A sua própria casa não “merece” artigo definido.
Observe: Se “você vem DE casa” ou se “você ficou EM casa”, só pode ser a sua própria casa.
Qualquer outra casa vem antecedida de artigo definido. Isso significa que haverá crase:
“Vou à casa dos meus pais.” (=volto DA casa dos meus pais)
“Vou à casa de Angra.” (=volto DA casa de Angra)
“Vou à casa José Silva.” (=volto DA casa José Silva)
“Vou à casa do vizinho.” (=volto DA casa do vizinho)
“Vou à casa dela.” (=volto DA casa dela)
Não haverá crase somente quando a palavra CASA estiver sem nenhum adjunto:
“Ele ainda não retornou a casa desde aquele dia.”

Fonte: http://g1.globo.com/platb/portugues/, acessado em 08/01/2013

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Guia rápido da Reforma Ortográfica


O que mudou com o acordo ortográfico 


Alfabeto - ganha três letras 

Antes:
23 letras 

Depois:
26 letras: entram k, w e y 

Trema - desaparece em todas as palavras 

Antes:
Freqüente, lingüiça, agüentar 

Depois:
Frequente, linguiça, aguentar 


* Fica o acento em nomes como Müller 

Acentuação 1 -some o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (as que têm a penúltima 
sílaba mais forte) 

Antes:
Européia, idéia, heróico, apóio, bóia, asteróide, Coréia, estréia, jóia, platéia, paranóia, jibóia, assembléia

Depois: 
Europeia, ideia, heroico, apoio, boia, asteroide, Coreia, estreia, joia, plateia, paranoia, jiboia, assembleia 


* Herói, papéis, troféu mantêm o acento (porque têm a última sílaba mais forte) 

Acentuação 2 -some o acento no i e no u fortes depois de ditongos (junção de duas vogais), em palavras paroxítonas 

Antes:
Baiúca, bocaiúva, feiúra 

Depois:
Baiuca, bocaiuva, feiura 

* Se o i e o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em: tuiuiú ou Piauí 

Acentuação 3 -some o acento circunflexo das palavras terminadas em êem e ôo (ou ôos) 

Antes:
Crêem, dêem, lêem, vêem, prevêem, vôo, enjôos 

Depois:
Creem, deem, leem, veem, preveem, voo, enjoos 

Acentuação 4 -some o acento diferencial 

Antes:
Pára, péla, pêlo, pólo, pêra, côa 

Depois:
Para, pela, pelo, polo, pera, coa 

* Não some o acento diferencial em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde (pretérito) / pode (presente). Fôrma, para diferenciar de forma, pode receber acento circunflexo 

Acentuação 5 -some o acento agudo no u forte nos grupos gue, gui, que, qui, de verbos como averiguar, apaziguar, arguir, redarguir, enxaguar 

Antes: 
Averigúe, apazigúe, ele argúi, enxagúe você 

Depois: 
Averigue, apazigue, ele argui, enxague você 

Observação: as demais regras de acentuação permanecem as mesmas.

Hífen - veja como ficam as principais regras do hífen com prefixos: 


Prefixos   

Agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro, maxi, mini, semi, sobre, supra, tele, ultra... 

Quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última do prefixo: auto-hipnose, auto-observação, anti-herói, anti-imperalista, micro-ondas, mini-hotel 

Em todos os demais casos: 
autorretrato, autossustentável, autoanálise, autocontrole, antirracista, antissocial, antivírus, minidicionário, minissaia, minirreforma, ultrassom 

Hiper, inter, super 

Quando a palavra seguinte começa com h ou com r: 
super-homem, inter-regional 

Em todos os demais casos: 
hiperinflação, supersônico 

Sub

Quando a palavra seguinte começa com b, h ou r: 
sub-base, sub-reino, sub-humano 

Em todos os demais casos:
subsecretário, subeditor 

Vice 

Sempre: vice-rei, vice-presidente 

Pan, circum 

Quando a palavra seguinte começa com h, m, n ou vogais:
pan-americano, circum-hospitalar 

Em todos os demais casos: 
pansexual, circuncisão 

Fonte: professor Sérgio Nogueira, em www.g1.globo.com 



segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Acento indicador de crase : o que é?

 




Crase é a fusão de duas vogais numa só. Geralmente, quando se pensa em crase pensa-se basicamente na fusão da preposição “a” com outro “a”. Esse outro “a” quase sempre é o artigo “a”, mas pode ser também o demonstrativo “a” ou a letra “a” inicial do artigo “as” ou dos demonstrativos “as”, “aqueles”, “aquelas” e “aquilo”.

Em “Você já foi à Bahia?”, por exemplo, ocorre crase (fusão) da preposição “a”, regida pelo verbo “ir” (se alguém vai, vai a algum lugar), com o artigo definido “a”, que determina o substantivo feminino “Bahia”. Essa crase (fusão) é indicada por um acento, que se chama grave ( ou acento indicador de crase). Na prática, porém, é comum o acento grave receber o nome do fenômeno que ele indica, isto é, é comum esse acento ser chamado de “crase”.

Vale lembrar que não devemos ler o “à” como um duplo “a” (aa). Quando se lê dessa forma, como em “Você já foi aa Bahia”, simplesmente se desfaz a crase. Portanto, o “à” deve ser lido como “a” mesmo. Não se esqueça!

Pense neste exemplo: “Você já foi a Paris?”.  Por que o “a” que antecede “Paris” não pode receber o acento grave?  É muito simples:  não ocorre crase, fusão de um “a” com outro “a”. Nesse exemplo existe apenas a preposição “a” (regida pelo verbo “ir”), que não se funde com outro “a”, uma vez que Paris não admite artigo feminino. Não é possível dizer que se mora “na Paris” ou que se acaba de chegar “da Paris”. Dizemos “Moro em Paris”, “Acabo de chegar de Paris”, o que prova que o nome da capital da França não admite artigo.

No exemplo “Você já foi à Bahia”, se mantivéssemos o substantivo “Bahia” e trocássemos o verbo “ir” pelo verbo “visitar”, o que aconteceria? “Você já visitou a Bahia?”. E agora?
Por que, nesse caso, não há o acento grave? Porque o verbo “visitar” não rege a preposição ( ninguém visita ao Pará, por exemplo). Como se vê, o “a” em questão é apenas artigo, portanto não pode receber o acento grave.

Em “Diga àquele moço que não me procure mais”, ocorre a crase (fusão) da preposição “a”, regida pelo verbo “dizer” (dizer algo a alguém), com a letra “a” inicial do pronome demonstrativo “aquele”.